Por que o Desafio da Baleia Azul Está Atingindo Nossos Filhos? Parte 1

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Como o banner acima mostra, hoje eu estive no Programa Entre Amigas da minha amiga Dora Bomilcar, na Rádio Transmundial. O tema foi o Jogo da Baleia Azul, que tem sido assunto de todas as mídias nas 2 últimas semanas.

O jogo ou desafio consiste em uma série de 50 desafios diários, enviados à vítima por um “curador”. As tarefas são passadas aos jogadores às 4:20h. Entre as tarefas há ações mórbidas como cortar os lábios ou furar a palma da mão diversas vezes. Em outra tarefa, o participante deve “desenhar” uma baleia azul em seu antebraço com uma lâmina. Como desafio final, o jogador deve se matar. Para ler mais sobre o assunto clique aqui.

Importante lembrar que não se sabe ao certo como o tal jogo começou (há indícios de que seja fruto de https://www.facebook.com/plugins/post.php?href=https%3A%2F%2Fwww.facebook.com%2FSafernetBR%2Fposts%2F1317178101663414&width=500” target=”_blank” rel=”noopener noreferrer”>uma notícia falsa lançada na Internet). Mas é certo que o número de suicídios em jovens está aumentando no Brasil e no mundo. Em reportagem da Revista Veja, o psiquiatra Daniel Martins de Barros, coordenador médico do Núcleo de Psiquiatria Forense e Psicologia Jurídica do Instituto de Psiquiatria da USP, nos alerta para o fato de que em “90% dos casos a pessoa tinha algum tipo de transtorno mental, principalmente depressão.”

Apesar de toda a atenção que o jogo tem recebido da mídia, fica claro que o problema central está ligado à situações como bullying, assédio físico ou moral, pressão do grupo, falta de diálogo com a família, dependências (álcool, drogas, Internet) e depressão. O Dr. Barros nos mostra uma questão triste e real. Para ele, o “pânico moral criado em torno do suposto jogo reflete os medos dos próprios adultos. Esse pânico fala sobre nós, os pais. É o gap [lacuna] geracional. Todo adulto sabe que não está dando a devida atenção para o jovem. E isso demonstra a dificuldade que os pais têm de entrar no universo do filho”.

Talvez o hipotético jogo esteja nos mostrando o abandono sistêmico que as gerações mais jovens estão enfrentando. Num mundo em constante mudança e onde o lema é “o importante é ser feliz”, os pais e toda uma geração mais velha acaba se dedicando às suas agendas pessoais e não tem tempo para as gerações mais jovens. Esse “universo do filho” é o submundo que os adolescentes criam para sobreviverem. Num programa de TV no último dia 21 de abril, a psiquiatra Maria Cristina De Stefano, que teve um filho de 19 anos morto por suicídio, lembrou-se de uma frase muito dita pelos jovens: “Ria na sala, chore no quarto.” Veja a entrevista dela aqui.

Enquanto não nos voltarmos para a atenção, o carinho e o cuidado com nossos adolescentes e jovens, eles continuarão à mercê de jogos como esse.

Depois que toda aquela geração foi reunida a seus antepassados, surgiu uma nova geração que não conhecia o Senhor e o que ele havia feito por Israel. Então os israelitas fizeram o que o Senhor reprova e prestaram culto aos baalins. Abandonaram o Senhor, o Deus dos seus antepassados, que os havia tirado do Egito, e seguiram e adoraram vários deuses dos povos ao seu redor, provocando a ira do Senhor. Abandonaram o Senhor e prestaram culto a Baal e aos postes sagrados.  Juízes 2:10-13

 

Série: O Que Eles Tem na Cabeça? Sexualidade e Identidade

Beijo namoro

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Por razões que vão desde a alimentação até o contexto sociocultural, é fato que crianças estão amadurecendo sexualmente cada vez mais cedo. Isso pode ser observado principalmente nas meninas e também sabemos que o cérebro não está madurecendo com a mesma rapidez. Pelo contrário, o cérebro está demorando cada vez mais para passar por esse processo do desenvolvimento.

É por isso que o envolvimento físico e sexual precoce pode ser muito bom e prazeroso para o corpo, mas muito ruim para cabeça. Em seu livro “Cérebro Adolescente: o Grande Potencial, a Coragem e a Criatividade da Mente dos 12 aos 24 Anos”, o Dr. Daniel Siegel faz um alerta aos adolescentes quando diz que se envolver sexualmente fora do contexto de uma relação confiável pode ter complicações consideráveis. Ele explica que relações sexuais provocam a secreção de oxitocina, um hormônio que intensifica os sentimentos.

Diante disso podemos entender porque garotos e garotas lidam tão mal quando esses relacionamentos precoces se intensificam ou acabam. Nos garotos isso pode intensificar o ciúme e agressão enquanto que nas garotas intensifica o apego e a obsessão romântica. Não é por acaso que observamos desequilíbrios emocionais como o aumento de reações violentas em garotos e depressão em garotas.

Há ainda outro fator importante. Os adolescentes estão construindo sua identidade pessoal. Na realidade esse é um dos processos principais dessa fase. Eles precisam descobrir quem são e isso vai afetar todas as áreas de suas vidas. Quando eles se envolvem intensamente num relacionamento romântico e sexual, eles podem deixar de se desenvolver positivamente e individualmente para manter esse relacionamento. Uma ruptura do relacionamento pode trazer consequências trágicas com comportamentos de risco como envolvimento com álcool, drogas, depressão e até suicídio.

Então o que Jesus disse para as multidões na Judéia faz sentido para nós(Mateus 19:4-6):

“Vocês não leram que, no princípio, o Criador ‘os fez homem e mulher’e disse: ‘Por essa razão, o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, e os dois se tornarão uma só carne’?Assim, eles já não são dois, mas sim uma só carne. Portanto, o que Deus uniu, ninguém o separe”.

Essa fala de Jesus nos mostra claramente que a união no sexo não apenas física. Ela tem implicações sentimentais, mentais e espirituais!

O Dr. Daniel Siegel é um cientista não religioso e suas pesquisas acabam comprovando o que a Escritura já dizia há milhares de anos atrás. Ele diz que uma adolescente de quase 20 anos deu uma sugestão para esse capítulo do seu livro: “Diga ao seu leitor para não se comprometer muito cedo. Se for para dar certo, dará.”

Aquele que tem ouvidos, ouça! Mateus 11:15

Série: O Que Eles Tem na Cabeça? Adolescentes precisam dos Adultos

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Sei que podemos olhar para nossos pré-adolescentes e adolescentes e rapidamente dizer que eles estão cada vez mais se afastando dos adultos. Mas por que será que isso acontece? Qual é a parte dos adultos nessa dinâmica? E isso tem a ver com o desenvolvimento cerebral deles?

A adolescência é uma fase incrível de expansão dos limites. A principal tarefa da adolescência é a INDIVIDUAÇÃO.  Dr. Chap Clark em seu livro “Hurt:2.0” (ainda sem tradução para o português)  define muito bem esse processo.

“Adolescência é uma busca psicossocial independente por uma identidade única ou por uma separação… com o objetivo final de ter um certo conhecimento de quem você é em relação aos outros, uma disposição para se responsabilizar pela pessoa que você está se tornando e a percepção de ter um compromisso para viver em comunhão com os outros.”

 Para que o adolescente se torne um indivíduo que caminha para a fase adulta ele busca sua identidade, sua autonomia e um sentimento de pertencer. E para que isso aconteça o cérebro adolescente passa por mudanças drásticas, que podem ser tanto uma excelente oportunidade de crescimento e desenvolvimento quanto uma crise com dimensões trágicas.

 

cérebro em construção O cérebro do adolescente está “em construção” e córtex pré-frontal que tem a responsabilidade de integrar as funções cerebrais tem suas funções temporariamente prejudicadas. O equilíbrio das emoções, planejamento do futuro, a percepção do contexto e a empatia estão comprometidos. Quando analisamos isso fica mais fácil entender a rebeldia, comportamentos de risco e alterações súbitas de humor que caracterizam a adolescência. E em sua maioria os adultos, tão necessários nessa fase, não entendem isso, rotulam os adolescentes ou “aborrescentes” e colocam barreiras entre eles e os adolescentes.

A verdade é que não foram os adolescentes que viraram as costas para os adultos de forma arrogante. Eles foram praticamente “abandonados” pelos adultos que não conseguem entender o que acontece nessa complexa fase do desenvolvimento humano.  Em seu livro Cérebro Adolescente: o Grande Potencial, a Coragem e a Criatividade da Mente dos 12 aos 24 Anos, o Dr. Daniel Siegel destaca em vários trechos a importância dos adultos no desenvolvimento do adolescente. Adolescentes precisam de referenciais e de mentores adultos para que possam se desenvolver de maneira positiva. Quero destacar aqui um trecho do livro:

“Os adolescentes acham que precisam mais uns dos outros do que precisam dos adultos. Adolescentes são nosso futuro e é por meio da coragem deles e de seus esforços às vezes exagerados, mas criativos, de “não ser como todo mundo”, que nossa espécie vem se adaptando. Se quisermos sobreviver nesse planeta frágil e magnífico vamos precisar de toda a ingenuidade da mente rebelada adolescente para encontrar soluções para os graves problemas que a nossa geração adulta e as anteriores criaram.” 

Convido você a ler o texto acima pensando na igreja e nos adolescentes. Também quero lembrar de adolescentes usados por Deus, como Davi (1 Samuel 17:17-50), Daniel (Daniel 1) e Maria (Lucas 1: 26-55).

Série: O Que Eles Tem na Cabeça? Adolescentes e Comportamentos de Risco

Comportamento de Risco

Imagem cortesia de Ben Schonewille em FreeDigitalPhotos.net

Adolescentes parecem procurar por comportamentos de risco. Você já deve ter ouvido falar de adolescentes e jovens europeus que se “divertem” escalando prédios altos para depois postar fotos e vídeos da façanha na Internet. Em outubro de 2016 um pré-adolescente de Santos, SP morreu participando da “brincadeira do desmaio”. Nossos adolescentes experimentam drogas, consomem álcool, dirigem sem licença e são atraídos por todo tipo de comportamento de risco.

A primeira pergunta que fazemos é “Mas ele não pensou nos riscos?”. Os recentes estudos sobre o cérebro dos adolescentes vão nos mostrar que eles não pensaram. As razões para não pensarem são fisiológicas:

  • Os lobos frontais ainda não tem uma boa conexão com outras partes do cérebro do adolescente e isso dificulta a avaliação de riscos e consequências.

  • Os sistemas neurais que controlam a excitação e a recompensa são muitos sensíveis no cérebro adolescente. Por isso as emoções e o imediatismo tem um grande apelo para eles.
  • O centro cerebral do prazer é extremamente ativo e isso faz com que eles tenham uma intensa busca por recompensas (ações ou substâncias que lhes trazem prazer). A ânsia pela recompensa é muito maior do que a consciência do risco.

Isso explica o porquê do cérebro adolescente ser mais suscetível ao vício por um comportamento ou substância química. A droga ou outro estímulo prazeroso age de forma intensa no centro cerebral do prazer e os lobos frontais não estão prontos para inibir esse efeito. Por isso o cérebro adolescente busca intensamente por essa estimulação. É isso que torna o cérebro adolescente tão suscetível ao vício e aos comportamentos de risco.

Você pode estar sentindo certo desânimo com essas informações, mas podemos ver a adolescência como um período de grandes oportunidades para influenciar positivamente a vida dessa nova geração. É indiscutível que há muitas escolhas ruins à disposição dos adolescentes, mas cabe aos pais, professores, líderes, mentores e outros adultos apresentar as boas escolhas para eles. Os adultos precisam incentivá-los a buscar as experiências positivas que proporcionem prazer e emoção para eles. Os esportes, convívio social com outros adolescentes num ambiente saudável e atividades em grupo são muito importantes! Adolescentes envolvidos no serviço ao próximo nas nossas igrejas, em comunidades carentes ou em viagens missionárias irão obter a recompensa e o prazer que tanto buscam por meio de atividades positivas para o desenvolvimento deles.

Fica a pergunta: “O que estamos oferecendo aos nossos adolescentes para que eles não tenham a necessidade de buscar comportamentos de risco?”

Quem despreza o próximo comete pecado, mas como é feliz quem trata com bondade os necessitados!

Provérbios 14:21

O Que Eles Tem na Cabeça?

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“O que eles tem na cabeça?” Essa é a pergunta que pais, líderes e educadores fazem quando se deparam com comportamentos desconcertantes e incompreensíveis dos adolescentes. Lembro-me da adolescência dos meus filhos e dos meus pensamentos na época. Onde foi parar aquela criança tão alegre, bem comportada e carinhosa que morava nessa casa? Quem é esse rebelde e mal humorado que ocupou o seu lugar?

Durante muito tempo essas mudanças da adolescência foram atribuídas somente à ebulição hormonal também característica dessa fase do desenvolvimento humano. Hoje sabemos que as mudanças fisiológicas que ocorrem no cérebro do adolescente são as principais responsáveis por esse novo e intempestivo comportamento deles. São tantas mudanças que eles mesmos não conseguem explicar seus sentimentos e comportamentos. E por total desconhecimento e muito amor por nossos adolescentes acabamos tornando essa fase ainda mais difícil para eles.

Esse livro da Dra. Frances E. Jensen nos ajuda a entender um pouco as inúmeras mudanças que acontecem no cérebro deles. O livro tem alguns capítulos que se aprofundam muito na área da neurociência cerebral e a leitura pode ser um pouco difícil para leigos no assunto. Em contra partida, há capítulos muito práticos sobre o comportamento do adolescente. Com o cérebro atravessando uma grande transformação, os adolescentes estão mais suscetíveis a comportamento de riscos, a vícios, estresse e escolhas que irão impactar negativamente toda a sua vida. E mais do que na infância, eles precisam de limites, do nosso amor, cuidados e aceitação. Mas como podemos agir assim com adolescentes que parecem querer um distanciamento maior dos adultos? Não é tarefa fácil, mas também não é impossível.

Recomendo a leitura do livro para todos aqueles que querem aprender como lidar melhor com essa importante fase do desenvolvimento humano. É incrível perceber que muitas coisas que hoje a neurociência explica estão na Palavra de Deus. Estabelecer limites, ensinar e ter um cuidado maior com os mais jovens são cruciais para o desenvolvimento do adolescente.

Esse post é o primeiro da série “O que eles tem na cabeça?”. Durante as próximas semanas iremos abordar esse assunto nesse blog. Fique ligado e acompanhe! Você pode se inscrever para receber avisos sobre os novos posts clicando no botão laranja no canto superior direito dessa página.

 Ouça, meu filho, a instrução de seu pai e não despreze o ensino de sua mãe. Provérbios 1:8

 

É Carnaval no Brasil…

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Foto: Jal Vieira    www.obaoba.com.br

 

Com um título bem parecido escrevi sobre o Carnaval nesse blog há alguns anos. Todos os anos o Carnaval é muito comemorado no Brasil e sempre chegam as perguntas: “Como falar sobre isso com nossos adolescentes e jovens?” ou “Pular Carnaval é pecado?” E eu sempre me pego pensando que se nossos adolescentes e jovens estivessem expostos aos perigos do Carnaval somente nesse feriado a coisa não seria tão ruim assim.

Antes que seja mal interpretada, explico meu pensamento. Infelizmente vivemos a cultura do Carnaval no Brasil durante os 365 dias do ano. Foi-se o tempo em que o Carnaval era o momento para as pessoas colocarem em prática todos os seus desejos reprimidos durante o ano. Vivemos imersos numa cultura hedonista cujo lema é o importante é ser feliz. Não é preciso esperar pelos dias de folia para fazer o que bem entender. Adolescentes e jovens estão constantemente expostos ao álcool, drogas, sexo fora do casamento e toda sorte de coisas do tipo!

Há também o argumento de que o Carnaval tem uma origem pagã (informação correta), mas muitas das nossas festas também tem origem pagã. Ou há uma base bíblica para celebrar aniversário e Ano Novo? E o que dizer da corrupção que assola o país e é amplamente divulgada em todos os meios de comunicação? Como explicar aos mais novos o termo “suruba seletiva” proferido pelo senador Romero Jucá ao se referir à proposta de referir o foro privilegiado? O famigerado programa BBB está em sua 17ª edição com tudo de ruim e errado que se possa imaginar. No Brasil é Carnaval todo dia…

Então não devemos nos importar com o Carnaval e está tudo bem? Claro que não! O Carnaval de rua voltou nas grandes cidades e adolescentes e jovens estão acompanhando os bloquinhos por aí correndo todos os riscos que o cérebro jovem não consegue prever. Em várias redes sociais bombou o relato da jovem que sofreu abuso e agressão num desses blocos em São Paulo. O Carnaval é uma época em que precisamos estar mais atentos, mas as novas gerações precisam dos nossos cuidados e das nossas atenções o ano todo.

Viver o Evangelho de Jesus Cristo é um desafio para nós e as novas gerações todos os dias.

“Tudo me é permitido”, mas nem tudo convém. “Tudo me é permitido”, mas eu não deixarei que nada domine.
1 Coríntios 6:12

Precisamos falar de política com as novas gerações de cristãos!

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Depois das eleições municipais no último domingo, comecei a observar as manifestações de adolescentes e jovens nas redes sociais. Ainda na noite de domingo, um dos mais populares programas da TV brasileira exibiu uma reportagem sobre os jovens e a política no Brasil. Aqui você pode ler mais sobre isso e aqui pode ver a pesquisa que originou a reportagem. Nossos adolescentes e jovens estão falando, discutindo e respirando política, como poucas vezes vimos nesse país.

Já vinha pensando sobre o assunto num misto de contentamento, porque afinal nossos adolescentes e jovens não são alienados, e preocupação, porque parece haver uma tendência bem clara de doutrinação política. Essa tendência é evidente nesse vídeo do filósofo Luiz Felipe Pondé sobre o impeachment de Dilma Rousseff.

E logo comecei a pensar em como nós, cristãos, estamos ou não estamos discutindo política com nossos adolescentes e jovens à partir de uma perspectiva cristã. Nosso país tem respirado política nesse último ano e nossas igrejas precisam abrir espaço para que jovens e adolescentes possam discutir e aprender sobre o posicionamento do cristão na política. Não estou contrariando a sabedoria popular, que diz que “política, futebol e religião não se discute.” Percebam que não defendo uma discussão partidária, mas sim de ideias e conceitos que se alinhem com o pensamento cristão.

Precisamos mostrar aos nossos adolescentes e jovens que, para nos posicionar nesse cenário, temos que conhecer a Lei de Deus e ter consciência da nossa missão como cristãos no mundo. O cristão pode e deve se envolver nas questões relativas à política e à cidadania.

Um bom começo é conversar com eles sobre cristãos que se engajaram em causas políticas no tempo deles e que foram tão importantes a ponto de terem suas vidas retratadas em livros e filmes: Dietrich Bonhoeffer e William Wilberforce. Bonhoeffer, um pastor na Alemanha nazista foi preso e morto por se opor ao governo. Esse cristão atuou como agente secreto e participou do movimento que tramou o assassinato de Hitler. Além dos livros que ele escreveu, eles podem aprender mais sobre Bonhoeffer no antigo filme, Agente da Graça. William Wilberforce lutou pelo fim da escravidão na Inglaterra no século 19 e sua história é retratada no filme Jornada pela Liberdade.

Também encontramos várias pessoas na Bíblia que se posicionaram diante de governos de acordo com sua fidelidade a Deus: José; Moisés, Neemias, Mardoqueu, Ester, Daniel e seus amigos Sadraque, Mesaque e Abede-Nego, os profetas do Antigo Testamento, João Batista e Paulo.

Precisamos mostrar aos nossos adolescentes e jovens que, para nos posicionar nesse cenário, temos que conhecer a Lei de Deus e ter consciência da nossa missão como cristãos no mundo. O cristão pode e deve se envolver nas questões relativas à política e à cidadania:

  • Conhecer a Lei de Deus

Há muitos textos sobre isso, mas destacaria como principais: Romanos 13:1-7 e 1 Pedro 2:13-14

  • Conhecer nossa missão como cristãos

Os cristãos não devem ser seres alienados. Não podemos nos esquecer de que somos, acima de tudo, cidadãos do Reino de Deus e não estamos nesse mundo a passeio. Estamos aqui para fazer diferença e falar do amor de Deus e da Salvação em Cristo Jesus. Somos agentes de transformação, mas da transformação que vem de dentro para fora e muda as pessoas.

Para nossa reflexão, cito  trechos de um texto de Robinson Cavalcanti (1944- 2012), que foi bispo anglicano da Diocese do Recife e autor de muitos livros.

Uma questão, porém, nos desafia: o que fazer com a nossa vida entre a conversão e a morte/arrebatamento?… Deveríamos ser — como alguém afirmou — apenas “pré-cadáveres cantantes”? Ou há um mandato cultural entregue pelo Criador à humanidade e recuperado, primeiro, por Israel e, depois, pela Igreja? 

A ação política (cidadã) não deve se limitar ao partidário nem, muito menos, ao eleitoral, mas a uma atitude de responsabilidade, sensibilidade, disponibilidade e intervenção no cotidiano, que é obediência e testemunho. 

“A tarefa da Igreja é uma só: mudar o mundo” Charles Finney

Falar de Ética Cristã para Adolescentes Hoje. Como?

Vivemos num mundo pós-moderno ou pós-cristão, como alguns já estão dizendo, onde tudo é relativo e praticamente não há absolutos. Cada um tem a sua verdade e muitas vezes dizer que há apenas uma verdade pode ser considerado como uma atitude de arrogância e intolerância.

Quando não há absolutos e tudo pode ser verdade, os adolescentes vivem num constante dilema moral e ético e a maior parte do tempo, pois não sabem mais o que é certo ou o que é errado. Podemos comprovar isso no comportamento dos jovens cristãos e não cristãos. Há uma pesquisa do IBOPE de 2006 feita com jovens fluminenses de 14 a 18 anos das classes A à E. 30% deles disseram que ser ético é ser tolo e correr o risco de ser passado para trás.

Quem cita essa pesquisa é Gilberto Dimenstein num artigo do jornal A Folha de São Paulo. Ele diz: “A crônica de mazelas acompanhadas da impunidade é um poderoso estímulo para o culto à malandragem, afinal é promovida por quem deveria dar o exemplo: os adultos e, mais do que isso, os adultos que estão no comando.” Você pode me questionar dizendo que tanto o artigo, quanto a pesquisa são de 2006, mas você vai concordar que em termos de ética e honestidade no nosso país a coisa só tem piorado. Ou não?

E é nesse meio, nessa cultura onde os malandros, os desonestos e mentirosos se dão bem que nossos adolescentes estão vivendo. Essa geração mais jovem está adotando uma visão do que é certo ou errado, centrada no homem ou nos costumes vigentes e não em Deus. Na verdade eles muitas vezes perdem a noção ou não conseguem mais distinguir o que é honesto e o que é desonesto. Se você ainda duvida, faça como eu e digite no Google as palavras adolescente e honestidade e terá a surpresa de encontrar uma notícia internacional sobre adolescentes noruegueses que devolveram ao dono uma grande quantia de dinheiro encontrado. Ser honesto hoje, dá manchete de jornal!

Então como vamos falar de Ética Cristã, de honestidade para essa galera, de maneira que isso realmente faça diferença nas vidas deles? A única forma de resgatar esse valor da honestidade para os nossos adolescentes é mostrar a eles o padrão estabelecido por Deus para a honestidade. Não é um padrão fácil de ser seguido no mundo de hoje, mas é um padrão que vale a pena ser seguido, mesmo que isto signifique ser considerado tolo ou ser passado para trás pelos outros.

Nosso grande desafio é fazer com que eles compreendam que mesmo vivendo num mundo com tantas outras “verdades” e onde o certo e o errado são relativos, eles podem crer que Deus já estabeleceu o que é certo e o que é errado e Deus não muda. Vejam esse texto de João 8:31-34

Disse Jesus aos judeus que haviam crido nele: “Se vocês permanecerem firmes na minha palavra, verdadeiramente serão meus discípulos.
E conhecerão a verdade, e a verdade os libertará”.
Eles lhe responderam: “Somos descendentes de Abraão e nunca fomos escravos de ninguém. Como você pode dizer que seremos livres? “
Jesus respondeu: “Digo-lhes a verdade: Todo aquele que vive pecando é escravo do pecado. 

Nesse texto de João, Jesus nos diz que conheceremos a verdade se permanecermos firmes nele e que, ao contrário do que muitos pensam, a verdade de Deus nos liberta. Ela nos liberta do pecado. A verdade de Deus liberta nossos adolescentes deste dilema contemporâneo de nunca saber o que é certo ou errado.

Que Deus nos dê sabedoria para ensinar nossos adolescentes a decidir pelo certo e pelo que Deus tem de bom para nós.