O Evangelho, Adolescentes e as Questões do Nosso Tempo (Parte 1)

Foto de Engin Akyurt em Pexels

Foto de Engin Akyurt em Pexels

A evasão de adolescentes e jovens de nossas igrejas é uma triste e inegável realidade. E a situação é ainda mais triste quando nos deparamos com as explicações que as igrejas dão para isso, responsabilizando somente as novas gerações, sem ao menos considerar sua própria responsabilidade sobre essa situação.

Será que as novas gerações estão virando as costas para o Evangelho ou somos nós, como igreja, que não estamos ensinando e vivendo o verdadeiro Evangelho para eles? Estamos realmente pregando o Evangelho que fala do imensurável amor de Deus, que nos constrange a ponto de reconhecermos nossa miserável condição e nos leva a nos entregar nossas vidas a Jesus (Jo 3:16,17)? Ou pregamos o evangelho que julga, condena e exige obediência para que sejamos aceitos por Deus? Esse evangelho apequenado, que deixa de lado o amor de Deus e o perdão, esquece da graça que nos aceita como somos e é essa aceitação amorosa e misericordiosa (Ef 2:6-9) que nos leva a nos entregarmos a Deus e obedecer seus mandamentos.

Nossas igrejas, como família de Deus na terra, precisam ensinar o verdadeiro Evangelho para as novas gerações, amando-as e acolhendo-as como irmãos, pois Deus os adota como filhos por meio de Jesus Cristo (Gl 4:4-7). Não podemos nos esquecer que mesmo antes de sermos adotados como filhos, ou quando ainda éramos pecadores afastados de Deus, ele amou todos nós (Rm5:8). Dessa verdade é que vem a vocação para o amor das comunidades da fé, mas não é essa a percepção que muitos grupos da nossa sociedade, como as novas gerações, tem das igrejas cristãs evangélicas. Somos identificados com tribunais, que julgam e condenam, sem demonstrar o amor de Deus por todos.

Nossos adolescentes e jovens tem questionamentos que deveriam e poderiam ser acolhidos e abordados pelas igrejas. Mas quando nos calamos por não entendermos nossa missão para amar e proclamar, ou por não considerarmos esses assuntos “espirituais”, eles buscam respostas e acolhimento em outras comunidades no mundo real ou virtual.

No meu novo curso, Compreendendo a Cultura Adolescente: Internet, Redes Sociais e Sexualidade, a ideia principal é compreender os pensamentos e as questões de nossos adolescentes diante da cultura do nosso tempo. Só a partir dessa compreensão é que poderemos discutir e responder, a partir de uma perspectiva bíblica, as questões que afligem as novas gerações.

Contudo, aos que o receberam, aos que creram em seu nome, deu-lhes o direito de se tornarem filhos de Deus,
os quais não nasceram por descendência natural, nem pela vontade da carne nem pela vontade de algum homem, mas nasceram de Deus.
João 1:12,13

Para mais informações sobre o curso e inscrições acesse o link.

 

 

I was born this way, mas a Lady Gaga não!

Assim que ouvi pela primeira vez o hit “I was born this way” de Lady Gaga, me lembrei imediatamente (eu estou chegando nos 50) da canção Gabriela de Dorival Caymmi, inspirada no Romance Gabriela Cravo e Canela de Jorge Amado e que dizia:

Eu nasci assim, eu cresci assim
Eu sou mesmo assim
Vou ser sempre assim
Gabriela, sempre gabriela

Ao escutar mais atentamente a letra, percebi que não tinha quase nada a ver com a velha canção. Mas as duas fotos acima também nos mostram que Lady Gaga, nasceu Stefani Joanne Angelina Germanotta, morena e uma adolescente comum e que agora com seus estranhos implantes faciais, seus cabelos platinados se tornou a “mãe monstro” como ela mesmo se auto-denomina. Portanto, queridos leitores, Lady Gaga não nasceu assim e sua música começa nos enganando desde o começo.

Mas nos enganando por que? É justamente aí que está o problema, a música de Gaga diz que todos devem ser aceitos como são e chega a citar que Deus não comete erros e por isso enganou muitos cristãos. A canção chegou a ser considerada como um hino aos marginalizados por uma teóloga americana num site cristão, por causa desse trecho, que é precedido por outro que diz que não importa sua classe social, raça ou nacionalidade:

Whether life’s disabilities                       (Não importa se os obstáculos da vida)                                                Left you outcast, bullied, or teased    (Te deixaram afastado, assediado ou importunado)
Rejoice and love yourself today           (Alegre-se e ame-se hoje)
‘cause baby you were born this way  (Pois, baby, você nasceu assim)

Então examinem a letra e sua tradução antes de  apontarmos as falhas nesses argumentos que convencem muitos cristãos e provavelmente muitos jovens e adolescentes.

  • Pois Deus não erra (‘cause god makes no mistakes) – Aqui reconheço que é ponto para Lady Gaga, porque Deus não erra mesmo. Tudo o que Deus faz é perfeito e certo. O grande problema são os fatos que ela usa para justificar essa afirmação.
  • Baby, eu nasci assim. Oooh não tem outro jeito (Baby i was born this way. Ooo there ain’t no other way) E nesse trecho que a música fica parecida com aquela da Gabriela e isso não é verdade na vida do cristão. Sabemos que em Cristo podemos ter uma nova vida e que só ele pode dar um outro jeito na vida que levamos. (2 Co 5:17)

Essa é uma ótima desculpa para permanecer no erro e no pecado, pois afinal se nascemos assim e não há outro jeito, que culpa temos. Se acreditarmos nisso, não haverá cura para o alcoólatra que nasce com uma tendência para a dependência química, ou recuperação para um criminoso. Mas vejam que Paulo nos diz em (Rm. 7:15-17) que nascemos assim, com essa inclinação e vontade para o pecado, mas temos em Cristo a solução.

  • Não importa se você é gay, hetero ou bi, lésbica ou se é transexual (No matter gay, straight, or bi, lesbian, transgendered life) – Para Lady Gaga não importa porque segundo ela “você nasceu assim”. Mas nem a Bíblia nem a ciência dizem isso. A Bíblia diz em Gn 1:27 que Deus criou homem e mulher e nenhum outro gênero sexual. Além disso, a ciência ainda não conseguiu descobrir um gene que possa causar a homossexualidade e isso é dito pelo famoso pesquisador da área de genoma,  Simon LeVay que é um ativista gay.
Acho que já temos muito assunto para conversar sobre o hit da Lady Gaga, não é? Mas ainda preciso explicar o título do post. Ontem estava criando um álbum no meu Face chamado “I was born this way” e vi que só os anos me castigaram um pouco, mas que eu continuo como nasci, original de fábrica. Podem conferir nas fotos abaixo: